Se uma empresa tem duas verdades diferentes para o mesmo fato, é melhor ficarmos distantes dela.
Em qualquer clima de guerra, do mundo externo ou interno, dentro de nós mesmos, sempre a primeira vítima é a “verdade”. Nos acostumamos a pensar que tudo aquilo em que acreditamos é a única verdade possível. Está aí uma mentira verdadeira!
Como se toda a confusão dos tempos modernos já não fosse suficiente, agora acreditamos que todos os fatos possuem duas verdades: a do outro e a nossa.
Pensar que temos uma verdade e que ela pode ser diferente da verdade dos outros é uma forma requintada de mentir para si mesmo e nunca dar o braço a torcer.
Às vezes precisamos aceitar que estamos errados e pronto! Isso vale para todos os níveis da hierarquia, especialmente aqueles que nos servem de modelos.
A verdade absoluta é atômica, é única e incontestável. Então, quando todos nós olharmos para as mesmas coisas e tivermos uma única verdade, estaremos andando a passos largos para um aprimoramento hermético.
Sobram, dos verbetes de Recursos Humanos (e sou desta tribo), que precisamos ouvir os dois lados (gestor e subordinado), porque as verdades podem ser distintas. Esse é o mais refinado malabarismo para ficarmos exatamente em cima do muro.
Todas as vezes que consideramos que a verdade tem dois lados, criamos uma cultura de “passapanismo” (pode patentear o termo), para ficarmos bem com a dualidade das partes.
Os fatos são acontecimentos únicos, eles estão acima das percepções humanas pasteurizadas, das interpretações temperadas com astúcia. O próprio Schopenhauer mostra a esperteza ardilosa em “A Arte de Ter Razão”, onde grande parte dos seres humanos não possui razão, mas, com sua comunicação matreira, faz acreditar a outrem que sim, que sempre estão corretos.
Relembrei dos meus alfarrábios uma provocação literária, cortante feito fio de papel A4 (que quando corta, arde), que dizia: “Is it Always Right to be Right?” (É certo sempre estar certo?).
Cada um pode ou não se vulnerabilizar da forma “que quiser” e “se quiser”, mas nada é tão convincente quando um presidente, um executivo ou um gerente diz:
“Eu errei!”.
Isso é de uma grandeza e de lucidez incontestável. Assim podemos acreditar, em definitivo, que a perfeição é atributo exclusivo da divindade.
Portanto, nós de Recursos Humanos, não precisamos encontrar duas verdades para o mesmo fato, mas ajudar nossos gestores a dizerem: “Desculpe, foi um erro da minha parte”. Afinal de contas, os bons a pandemia já levou.
Informações do Autor
Fernando Cesar Cardoso
Profissional de Treinamento & Desenvolvimento, com uma longa vivência em Educação Corporativa, atuou como executivo de Recursos Humanos e possui uma experiência adquirida em décadas de trabalho em empresas nacionais e multinacionais como: Petróleo Ipiranga, Sintofarma, Merrell Lepetit, Hoechst Marion Roussel, Aventis Pharma e Grupo Sanofi. Seu embasamento conceitual tem sido consolidado através de atualizações profissionais em cursos realizados em importantes instituições globais como: MIT Massachusetts Institute of Technology (Cambridge – EUA), The Oxford Group (Paris – França), ICM Inter Cultural Management (Nova York – EUA), CrowneFinch (Paris – França), Hay Group (Bridgewater – EUA) e HCI Education (Paris – França). Atuou como professor de Pós-Graduação e MBA em “Gestão do Fator Humano”, “Planejamento de Recursos Humanos”, “Processos de Gestão de Pessoas”, “Recrutamento & Seleção”, “Remuneração Estratégica”, “Clima e Cultura Corporativa” e “Selling Skills”. Autor dos livros: Glossário de Competências Organizacionais, Coaching Executivo e PDCA Gestão Estratégica. Adicionalmente completa seu perfil profissional como Gerente Executivo da Heutagus Educação Corporativa e SBTD – Sociedade Brasileira de Treinamento e Desenvolvimento.
fernando.cardoso@heutagus.com.br
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Key Words
• Autodesenvolvimento
• Desenvolvimento Humano
• Expansão da Consciência
• Recursos Humanos
• Sensibilidade Humana