Imagine que você está dirigindo em uma estrada escura à noite e sua intuição te diz para mudar de faixa na pista. Ao mudar, você se dá conta que desviou de um buraco que poderia ter provocado um dano no carro (ou até um acidente). O alívio te invade e você fica feliz por ter um “sexto sentido” apurado!
Depois, você começa a se lembrar de outras vezes que decidiu seguir a sua intuição, mesmo sem ter uma boa razão para ouvi-a, e nunca soube se a escolha feita foi realmente a melhor. Será que você realmente devia ter dito não para aquela proposta, só por ter sentido que deveria? Será que foi uma boa opção ter recusado aquela parceria que até parecia boa à primeira vista? Ou será que ter ficado em casa, ao invés de aceitar um convite para um evento, te protegeu de algo?
Voltando ao carro: nessa hora, ao desviar de um buraco, você tem a sensação de que a intuição é algo até sobrenatural e inexplicável e de que, provavelmente, tomou as melhores escolhas em todas as outras situações que precisou usá-la. Será?
Eu sei que é tentador achar que a intuição é uma espécie de poder paranormal despertado em situações importantes. Mas nas últimas décadas, neurocientistas têm feito diversos estudos para entender os caminhos da intuição na nossa mente. E eu já te afirmo: a intuição é inteligência emocional em sua forma mais pura.
O que pode ter acontecido? Talvez um carro à sua frente tenha desviado do buraco e você percebeu o movimento de forma inconsciente. Ou talvez sua visão tenha captado as marcas de pneu na pista e você não processou o fato racionalmente. Nem daria muito tempo para pensar. A sensação induziu à ação. Provavelmente um motorista não experiente não teria tido essa mesma intuição.
Conforme você adquire experiência em uma área específica, seu cérebro faz um banco de dados da sua vivência, baseado nas fortes emoções que ela te gerou.
Assim, situações similares provocam estímulos sensoriais que acessam as marcações emocionais da memória, direcionando a ação de forma intuitiva, através de um sentimento inexplicável. O objetivo do cérebro é poupar energia,
Quem trabalha na bolsa de valores sabe como esse processamento intuitivo é valioso. Não dá muito tempo de analisar as possíveis decisões, quando as ações despencam ou sobem repentinamente. Recrutadores e profissionais do RH também sabem quanto a percepção dos candidatos vai além da análise curricular. E um líder sabe como é valioso ter o máximo de precisão para estimar prazos de entregas e definir os melhores responsáveis para cada atividade.
Mas vamos combinar que um líder no começo de sua carreira não tem a intuição tão apurada assim. Ele demora mais para calcular prazos, perceber pontos fortes dos liderados e fazer adaptações assim que mudanças surgem. Sua mente não é tão apurada para calcular novos riscos. Da mesma forma, um recrutador mais experiente consegue intuir com mais facilidade quando um candidato está mentindo ou está nervoso, ainda que não tenha nenhuma evidência concreta para atestar sua intuição, comparado a um recrutador no início de carreira.
Portanto, quanto mais experiente você for em uma área, mais sua intuição será apurada.
E quando a intuição falha?
Até este momento, eu intuo que muita gente, e talvez você, tenha se lembrado de vezes que você decidiu seguir a sua intuição e ela falhou. A minha já se enganou uma porção de vezes, especialmente para decidir caminhos e rotas… a minha noção espacial está bem longe de ser das melhores e já desisti de relacionar meu “achismo” em novas rotas com uma possível intuição.
Como a intuição calcula rapidamente os riscos de uma nova situação com base nas suas experiências, ela pode falhar. Por exemplo, talvez você associe que fulano não é uma boa pessoa, porque ele tem um jeito de falar parecido com alguém que te magoou no passado. Ou talvez você esteja com tanto medo de aceitar uma oportunidade desafiadora, que entende que este receio é um aviso para não se arriscar.
Então como saber quando ouvir ou não ouvir a sua intuição? A pergunta de milhões.
E na prática?
Segundo as pesquisas mais recentes, a qualidade da intuição de uma pessoa depende de quanto sua inteligência emocional (IE) está apurada. A boa notícia é que, com a prática da IE, podemos fortalecer nossa tomada de decisões intuitiva! Percebeu como é fundamental capacitar continuamente suas equipes a desenvolverem mais inteligência emocional?
Quando o alarme da sua intuição apitar, analise a situação de uma perspectiva maior:
Se a experiência naquela área for totalmente nova ou se você perceber padrões de julgamento ou o medo orientando suas decisões, então é melhor confiar no pensamento analítico. Se você já tiver experiência na área, permita-se arriscar e testar. A melhor forma de desenvolver sua intuição e diferenciá-la do medo é testando. Claro, recomendo que você faça esses testes quando os riscos forem menores, para que o prejuízo não seja tão grande, a ponto de você confundir cada vez mais a intuição com medo.
Com o passar do tempo, você poderá achar mais fácil distinguir quando está recebendo um sinal preciso e genuíno. As suas intuições nunca serão totalmente à prova de falhas, mas a prática pode fazer com que elas se tornem um guia importante!
Informações do Autor
Paula Meerholz Roosch
Sou fundadora do Midiamor, Chief Happiness Offiecer e especialista em criar culturas colaborativas, baseando-me em neurociência, inteligência emocional, CNV e MUITA prática. Os treinamentos ensinam HÁBITOS, para formar pessoas automotivadas e comprometidas.
Atuo junto aos RHs, lideranças & liderados, em organizações de todos os segmentos e portes, formando equipes mais felizes, engajadas e, consequentemente, mais produtivas.
Sou formada em Ciências Biológicas, com Pós-Gradução em auditoria e gestão ambiental, MBA em Engenharia e Gestão da Qualidade, especialista em Comunicação Não Violenta, Compaixão, Teoria U, Life Design, Inteligência Emocional e Empatia no trabalho, pela Universidade de Berkeley. Essa mistura de conhecimentos me faz entender como fazer transformações profundas e efetivas em culturas organizacionais e pessoas.
Em 2017, fundei o Midiamor, uma rede que inspira milhares de pessoas a criarem uma vida com mais sentido e conexão! Faço palestras, mentorias e ensino pessoas e empresas na Escola Midiamor.
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Key Words
• Inteligência Emocional
• Intuição
• Liderança
• Saúde Mental
• Tomada de Decisão