Em inúmeras ocasiões desde a infância, lá nos campinhos de futebol, na escola, passando pela adolescência, juventude e ao chegar na vida adulta principalmente naquelas avaliações de desempenho, é muito mais comum do que se imagina escutar frases como:
Assim é construído no imaginário coletivo, que independentemente da maneira de voar (baixo, alto, rasante), uma estudante, jogador, funcionário ou gerente bom, mas bom mesmo, é aquele que VOA.
Quando você era “o cara” que voava então, nem se fala! Aí você se achava até mais forte, mais bonito não é verdade? Este lado A quando se VOA é maravilhoso.
Mas como tudo, ou quase tudo nesta vida, sempre existe o lado B. E o mais interessante: este lado B do VOA é uma espécie de síndrome.
Voltemos aos nossos irmãos, amigos, funcionários, gerentes e porquê não, nossos jogadores do esporte de sua preferência. Alguns deles são brilhantes, têm excelentes ideias e jogadas, sabem o que estão fazendo, mas ainda assim não prosperam. Você já se perguntou por quê?
A causa pode estar relacionada justamente com o lado B do VOA, sigla de Vaidade, Orgulho e Arrogância. E é impressionante como tais comportamentos podem minar boas oportunidades.
Vamos falar sobre Vaidade.
Muitas pessoas dentro e fora do nosso convívio pessoal e profissional (familiares, amigos, funcionários, gerentes, jogadores, executivos, etc.) têm uma vaidade além do suportável. Até mesmo de uma maneira exacerbada, se mostram incapazes de reconhecer seus pontos fracos, de melhoria, além do foco demasiado em si mesmo. Vangloriar-se pela ostentação do que possui são objetivos, princípios de vida das pessoas vaidosas.
Em linhas gerais, pessoas vaidosas veem as suas qualidades muito além do que realmente são e acreditam ter habilidades muito mais amplas do que realmente tem. Na vida real isso se traduz numa verdadeira catástrofe pois ao superestimar suas próprias habilidades, o vaidoso se fecha a melhorá-las, não aprender novas e se colocar em situações nas quais não necessariamente se sairá tão bem.
Caso agora, você esteja se perguntando sobre sua vaidade, que tal fazer um rápido e eficiente exame de conduta. Você tem feito cursos de aperfeiçoamento? Reconhece que pode melhorar em diferentes atividades?
Avancemos para O de Orgulho.
O orgulhoso reconhece sua necessidade de melhoria ou mudança em certos aspectos, mas não conseguem mudar. Aqui cabe reforçar que a palavra orgulho pode ter conotação positiva ou negativa. Em uma rápida definição, ela significa o reconhecimento do valor de algo ou de alguém.
O lado A do orgulho (saudável e positivo), é aquele que tem base no reconhecimento, no brio ou no fato de se orgulhar de outra pessoa.
Já o lado B tem significado negativo pois o orgulhoso não reconhece os próprios erros, é incapaz de aceitar ajuda, age com arrogância (que falaremos adiante) e seu nível de contentamento consigo mesmo é tão elevado que coloca suas habilidades muito acima do que efetivamente são.
O orgulho é, em muitos casos, decorrente da vaidade, pois nasce do entendimento de ser superior aos demais. O contrário do orgulho nesse sentido é a humildade ou a modéstia.
E quanto ao A de Arrogância…
É muito mais comum do que se imagina. No geral quanto mais alta a posição hierárquica maior o grau de arrogância.
Falta ao arrogante, mais humildade em suas ações e palavras. Grande parte dos grandes problemas que enfrenta, tem a causa raiz em não ouvir aqueles à sua volta.
Uma grande armadilha da arrogância está em acreditar ser e se colocar como especialista em diversos assuntos. No final do dia, acaba não desenvolvendo bem em nada. Como não bastasse não entregar os resultados necessários e esperados, o arrogante tende a terceirizar a culpa na execução e falta de colaboração dos outros.
A arrogância também produz dificuldades de convivência e pode prejudicar todos aqueles que dependem de uma liderança sem humildade.
O arrogante é incapaz de melhorar a própria vida de forma duradoura ou significativa, pois não reconhece os próprios problemas aberta e honestamente. Além de ser uma estratégia falha, a arrogância é uma busca pela euforia após euforia e chega a níveis cada vez mais elevados de negação. No entanto, em algum momento a realidade bate à porta e os problemas ocultos reaparecem. É só uma questão de tempo, e de quão doloroso será.
A verdade nua e crua é que o VOA (Vaidade, Orgulho, Arrogância) tem grande potencial de afetar uma performance, uma carreira.
São três comportamentos ao quais estamos muito expostos e que estão muito interligados porque em geral, o indivíduo começa com a vaidade, se torna orgulhoso e, por fim, passa a agir com arrogância. O discernimento, a autoavaliação praticamente desaparecem, faz-se a subida num pedestal, não são reconhecidos e tampouco corrigidos muitos pontos falhos que culminam no despreparo para assumir desafios mais significativos.
Cedo ou tarde, chegará o momento em que esses três comportamentos fecharão portas para o crescimento. Grande parte do fracasso (ou medo do fracasso) surge por conta de valores pessoais muito ruins.
Reconhecer que fracassar é seguir em frente, que aprimorar-se em uma tarefa é um processo que passa por milhares de pequenos fracassos e que a dor faz parte do processo, pode ajudar.
Qualificação e preparo passam essencialmente por saber ouvir os outros. Ser uma pessoa agradável e um líder que aproxima os colaboradores também é determinante para alçar voos mais altos.
Vaidade, orgulho, arrogância são no fundo, algumas das várias facetas das nossas emoções básicas (raiva, medo, tristeza e até mesmo alegria e afeto).
Todos, até mesmo o mais humilde dos indivíduos, estão expostos a situações que alimentarão a vaidade.
Talvez o segredo do voo esteja em alcançar as estrelas sem deixar de tocar os pés no chão.
Informações do Autor
Claudinei Antonio da Silva
30 anos como Gerente e Executivo da indústria farmacêutica multinacional nas áreas de Vendas, Marketing, Desenvolvimento de Pessoas e Times, Geógrafo de formação, administrador de empresas com pós-graduação e MBA em Marketing e Vendas.
Encontrou inspiração e coragem para fundar a empresa “Acredite Agora” e realizar mentorias, coaching, cursos, palestras e workshops por acreditar que conhecimento é um dos poucos recursos que ao ser dividido se multiplica. Por isso se sente realizado ao prover o acesso a exemplos e cases reais do dia a dia de uma gerência como fator chave para que futuras e futuros profissionais se estabeleçam como gerentes e depois cheguem à uma posição executiva.
falecom@claudineisilva.com.br
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Key Words
– Arrogância
– Humildade
– Liderança
– Orgulho
– Vaidade