De um lado, acompanhamos nos noticiários, nas redes sociais e nas empresas, vários casos e relatos de demissões que machucaram.
Por outro lado, também lemos e até mesmo presenciamos muitos reconhecimentos, até mesmo inspiradores.
Eu conheci o Henrique que trabalhou 26 anos na mesma empresa. Uma raridade. Na nossa primeira conversa, para um recém desligado, sua calma e tranquilidade ao falar da empresa, ou melhor da ex-empresa, chamou e muito a minha atenção. Curioso que sou, o convidei para um café que ele prontamente aceitou com a resposta:
– “Se tem algo que sinto e sentirei falta lá do escritório é a pausa para um café com um bom papo entre os amigos!”
Logo de início, Henrique classificou seus 26 anos de empresa como: bons e ótimos (1- 20); excelentes, os melhores (21-23) e extremamente desafiadores, tipo ruins mesmo (24-26).
Em seguida, contou mais sobre os ingredientes da “vitamina” que o ajudou a atravessar os últimos 3 anos sem esquecer os demais 23 e ao mesmo tempo, o preparou mentalmente para o momento do seu desligamento.
De seus pais, pessoas simples e de poucas posses, Henrique buscou os ingredientes:
• você não perde nada ao respeitar os outros, qualquer que for o seu cargo, religião, cor…
• mesmo que não concorde, no mínimo, respeite. Afinal de contas, respeitar e concordar são verbos diferentes, atitudes diferentes. E podem conviver lado a lado. Dá trabalho? Sim. Mas é possível na maioria dos casos.
Henrique fez questão de resgatar os principais aprendizados adquiridos com pessoas que ele encheu a boca ao chamá-las de mentores e mentoras (algumas delas nem sequer sabiam que Henrique as consideravam assim):
• surpresa não combina com demissão e promoção. Se houver surpresa, alguém não fez sua parte. Como líder, 95% da responsabilidade da surpresa será sua,
• para reconhecer, elogiar alguém, PREFERENCIALMENTE o faça em público,
• para chamar a atenção, ter conversas difíceis, faça isso SEMPRE em particular.
Com tudo isso junto no liquidificador e ao considerar todo o histórico de seus 26 anos na mesma empresa, ele focou sua energia nas seguintes perguntas:
Pergunta 1: – O que não mudou (e se mudou não foi tão relevante)?
Pergunta 2: – O que mudou e foi realmente muito relevante?
Eis as respostas:
Pergunta 1: – O CNPJ.
Pergunta 2: – Os CPFs.
Confesso que estas respostas me deixaram sem palavras. E havia ainda uma dose de sofisticação da linha de pensamento do Henrique:
– “Durante os 26 anos que trabalhei lá, foram inúmeros CPFs que me fizeram gostar muito do CNPJ e é claro, alguns “CPFs” que me levaram a gostar menos do CNPJ. Foi a FORMA dos CPFs e a FORMA dos “CPFs” que moldava minha percepção do CNPJ. A FORMA significou como me tratavam, como se importavam, como me faziam sentir-se incluído ou não, pertencente ou não, reconhecido ou não. E o quadro ficava mais complexo ainda, quando consciente ou inconscientemente, considerei o CNPJ como se fosse uma pessoa. É quando o CNPJ se tornou um CPF e até mesmo meu sobrenome!”
E concluiu:
– “A verdade que constatei foi que meus melhores sentimentos em relação ao CNPJ foram criados e despertados pelos CPFs que praticavam o que ensinavam, inclusive e principalmente, o Respeito. E essa é a versão final do CNPJ que ficou para mim. Assim eu me sinto sendo justo com 98% dos CPFs que conheci.”
Nem preciso dizer que foi um longuíssimo e agradável café que marcou o início de nossa amizade. Recentemente, Henrique me trouxe seu mais recente aprendizado após 2 anos em um novo trabalho:
– “Não importa o tempo de casa, a dinâmica é a mesma entre CPFs, CNPJ e os “CPFs.”
Reforço que o foco deste artigo:
• não é para defender CNPJ e tampouco motivar qualquer tipo de embate entre as partes,
• não está nos 26 anos de trabalho de uma pessoa na mesma empresa.
Meu foco está em compartilhar uma visão com um balanço muito interessante entre racional com emocional e encarar os papéis de cada parte na relação entre CPF e CNPJ em que existe um ciclo que independe da nossa vontade como CPF do bem ou não: começo, meio e fim.
CPFs e “CPFs” passam e vão embora dos CNPJs. Todos podem publicar livros.
Mas um será apenas um capítulo do outro.
Informações do Autor
Claudinei Antonio da Silva
30 anos como Gerente e Executivo da indústria farmacêutica multinacional nas áreas de Vendas, Marketing, Desenvolvimento de Pessoas e Times, Geógrafo de formação, administrador de empresas com pós-graduação e MBA em Marketing e Vendas. Encontrou inspiração e coragem para fundar a empresa “Acredite Agora” e realizar mentorias, coaching, cursos, palestras e workshops por acreditar que conhecimento é um dos poucos recursos que ao ser dividido se multiplica. Por isso se sente realizado ao prover o acesso a exemplos e cases reais do dia a dia de uma gerência como fator chave para que futuras e futuros profissionais se estabeleçam como gerentes e depois cheguem à uma posição executiva.
falecom@claudineisilva.com.br
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Key Words deste Artigo
– Carreira
– Demissão
– Engajamento
– Liderança
– Lifelong Learning