Todos os dias, desde a hora que acordamos, até a hora de voltarmos para cama para dormir, o estilo de vida atual nos faz viver de maneira acelerada, fazendo com que entremos em um modo automático de realizar ações, sem tempo de prestar atenção em detalhes do dia a dia e ver que, mesmo quando moramos sozinhos, nós nunca viveremos sós em nenhum ambiente onde estivermos.
Os pequenos detalhes do cotidiano, quando observados trazem uma reflexão muito necessária, que é… de quantas vidas depende a nossa vida mesmo quando estamos sozinhos.
Você já parou para pensar nisso? No quanto e como a sua vida depende de outras vidas?
Para responder essa pergunta para você mesmo, não se atenha a fatos políticos, religiosos, financeiros ou outros parecidos porque precisará ir muito longe e talvez desista do processo que é necessário e pode ser feito com uma reflexão bem simples e muito mais realista. Pare por apenas alguns minutos quando estiver em casa, olhe a sua volta e observe o ambiente, prestando atenção nos detalhes mínimos e, para que a percepção seja ainda mais fácil você pode focar em apenas uma pergunta:
– Quantas pessoas vivem dentro da sua casa hoje?
Talvez você me responda “eu e minha esposa (ou eu e meu esposo)”, “somente eu”, “eu, meu esposo (ou eu e minha esposa), meus filhos e nosso gato ou cachorro” e, independente da sua resposta, eu te direi que está enganado/a em relação à quantidade de vidas que existem e vivem dentro do seu lar com você e sua família e como você depende delas para sua sobrevivência.
A maneira mais simples de explicar isso é uma refeição por exemplo. Quando você se senta à mesa para qualquer uma das refeições que fizer em casa no dia, essa simples refeição já envolve muitas vidas. O fogão onde a refeição foi preparada talvez seja a primeira que lhe venha mente, ele passou por uma linha de produção onde pessoas trabalharam na montagem, antes dessas pessoas, alguém precisou pensar nas peças que foram fabricadas talvez por outras pessoas em outra linha de produção, que precisou de mais pessoas para trabalhar com uma matéria prima que foi transformada nessas peças. Tudo isso precisou anteriormente de uma ideia de alguém, um projeto técnico, talvez feito por outra pessoa contratada pelo fabricante, que criou uma empresa e teve contratar outras vidas para que esse CNPJ tomasse corpo e tornasse possível a operação de entregar um simples fogão, que você comprou com alguém te atendendo, pessoalmente ou virtualmente e ainda envolveu mais algumas pessoas que fizeram com que ele chegasse à sua casa e fosse devidamente instalado para preparar aquela simples refeição, que às vezes você come apressado porque seu tempo é muito corrido e você realiza muitas coisas em um só dia.
Mas espere um pouco! Tudo isso foi para falar apenas do fogão. Preciso ainda te lembrar de que, a refeição que você vai comer e foi preparada por você ou alguém, precisou de produtos alimentícios que vieram de algum outro lugar, como os legumes, as verduras e os grãos, que alguém plantou e colheu uma semente, alguém trabalhou o solo para essa semente ser plantada, muita gente cuidou dessa plantação até a colheita, fez a colheita e centenas de vidas foram necessárias no processo de preparar, produzir, embalar, distribuir, vender, entregar e colocar a sua disposição em algum lugar para que você pudesse comprar e fazer o preparo da refeição no seu prato, que ainda pode envolver outras cadeias produtivas como pecuária, pesca e muitos outros, além do gás ou a eletricidade necessária para o fogão funcionar e os recursos naturais envolvidos em cada um desses processos que foram utilizados das mais diversas maneiras.
Espere, quase esquecemos que muitos alguéns estiveram envolvidos na fabricação da cadeira onde está sentado, na da mesa, do prato, do copo, dos talheres, do guardanapo e assim por diante.
Esse é um exemplo simples de quantas vidas se movimentaram para que você fizesse uma simples refeição, mas temos vidas envolvidas em todos, absolutamente todos os nossos movimentos diários para sobreviver.
Para trabalhar você precisa de centenas ou milhares de vidas que tornam seu trabalho possível, desde a empresa que te contratou e todos que trabalham com você, até aquela pessoa que você teve que contratar em sua casa para cuidar da limpeza que não te sobra tempo para fazer, do seu filho até a hora de ir para escola, do motorista do transporte escolar, dos responsáveis pelo ensino do seu filho quando ele está na escola, que precisa de muitas vidas envolvidas para funcionar com o ambiente adequado em estrutura, higiene e elaboração de conteúdo para as aulas e assim por diante.
Nossa sobrevivência é entrelaçada a outras vidas diretamente e precisamos refletir sobre isso, pois se todas essas outras vidas, milhares ou milhões de vidas proporcionam a nossa, não podemos continuar vivendo como se elas não existissem porque, da mesma maneira que a vida delas impacta na nossa, a nossa impacta na delas.
Essas pessoas são vidas invisíveis aos nossos olhos, mas não podem e não devem ser invisíveis à nossa consciência, ao nosso respeito e à percepção de que a régua com que medimos o valor da nossa vida deve ser exatamente a mesma que devemos usar para valorizar a vida do outro. O outro em nossa vida não é o outro, são milhares de outros em uma cadeia infinita que supre as nossas necessidades das mais diversas maneiras.
A não ser que você se torne um eremita, vivendo em uma caverna em um local isolado do mundo e sobreviva plantando e colhendo seu próprio alimento, caçando para obter a carne, sem roupas, calçados ou qualquer outra coisa que você precise comprar, nem você e nem qualquer outra pessoa, vive ou sobrevive sem que sua vida dependa de outras vidas.
Daria para escrever um livro de milhares de páginas para mostrar detalhadamente como nossa existência depende de outros, mas não é preciso, até porque a maioria de nós não teria tempo de ler… Então, apenas pare, observe e pense em como existem vidas invisíveis em sua casa, no seu trabalho, nas ruas, nos hospitais onde é atendido quando tem problemas de saúde, no remédio que você toma para se curar, na construção do lugar onde mora, trabalha ou qualquer outro estabelecimento onde você entre, no meio de transporte que você usa seja ele próprio ou público, no que você veste, no que calça, no que come, no que bebe, no ar que respira e até mesmo quando você chegar no final dessa jornada ,precisará de alguém que acomode seu corpo no lugar adequado e dependerá de outras vidas para te dar o devido repouso.
O ciclo de vidas envolvidas na sobrevivência de cada um de nós é praticamente infinito e de um emaranhado tão extenso, que nos fez praticamente esquecer que ele existe. Mas ele existe e eu te convido a parar para pensar nisso, nem que seja em apenas um momento do seu dia, como uma refeição ou, se puder e quiser, te convido a ir mais longe e observar outros momentos do prestando atenção nos detalhes para perceber quanta gente te proporcionou a possibilidade de sobreviver nesse mundo.
Se você se pegar curioso com o motivo desse artigo ser escrito, eu te respondo sem precisar refletir muito, que com ele eu espero que, a cada dia, mais pessoas acordem para o fato de não sobreviverem sozinhas e ampliem o olhar e a consciência para a importância de todas essas vidas invisíveis passando a se importar com cada uma delas porque não cabe mais nesse mundo vivermos sem olhar para os lados e entender que ninguém vive sozinho e ninguém é onipresente a ponto de não precisar de milhares de outras vidas para manter a sua.
E quando essa percepção chegar, talvez possamos passar a viver em um mundo onde nossas ações serão realizadas com a consciência do impacto delas no mundo que vivemos. Um mundo que precisa mais do que nunca que todas as vidas tenham o mesmo valor, independente de origem, cor, credo, nível de ensino, classe social, escolhas, posicionamentos, cargos, salários e outros detalhes insignificantes quando comparados ao valor de uma vida.
Podemos mudar o mundo com pequenas ações realizadas todos os dias, que aos poucos serão percebidas pelos que vivem à nossa volta e, quando forem multiplicadas pelo exemplo e realizadas por muitos, vão nos proporcionar maneiras de agir de um modo mais humano, mais justo e mais correto, onde todas as vidas terão o mesmo respeito, os mesmos direitos e a mesma dignidade para serem vividas.
Informações do Autor
Denise Maldonado
Sócia da “Mundo Certo”, empresa atuante no mercado de Sustentabilidade desde 2010, transformando desafios em possibilidades, disponibilizando materiais criados para ampliar a conscientização sobre a importância da Sustentabilidade para todas as idades e realizando projetos para empresas, escolas e outras entidades que possibilitem a inclusão social, geração de renda, criação de empregos, utilização de produtos ou resíduos como forma de gerar renda e desenvolver pessoas, entre outros.
denise@mundocerto.com.br
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Key Words deste Artigo
– Vida
– Sustentabilidade
– Inclusão Social
– Geração de Renda
– Criação de Emprego